sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Alimento para o Corpo Físico, Mental e Emocional

Quer encontrar equilíbrio para viver melhor? Ter relacionamentos estáveis? Ser uma pessoa realizada?
Você tem buscado soluções para as questões acima de uma forma assertiva, saudável e ecológica?
A grande maioria das pessoas busca respostas para estas perguntas, pois cada um, a sua maneira vislumbra a felicidade. Contudo vale a pena refletir: No que consiste ser feliz?
Os vícios comportamentais do cotidiano das pessoas ficam muito evidentes quando se vê a medicina sob as perspectivas da saúde e da doença. Atualmente a formação médica ocidental favorece o aprender a tratar doenças sendo menos cuidada a questão do preservar e cultivar a saúde (física, mental e emocional). A principal estratégia de promoção de saúde guarda relação íntima com o quanto cada pessoa conhece de si mesma e de quanto o sistema social funciona como promotor deste processo. Basta observar sociedades de países mais desenvolvidos e suas políticas de educação para entender um pouco melhor a relação entre educação e saúde, ou seja, o conhecimento e o autoconhecimento, minimizam ou diminuem significativamente a relação do indivíduo com a “doença”. Conhecer a si mesmo é de fundamental importância para as pessoas que buscam o significado e uma vida saudável e plena na presente existência. O processo de se conhecer é simples, no entanto parte da humanidade atual se afastou ou deixou de dar a importância que ele merece há algum tempo. A conseqüência desta negligência gera uma dificuldade no fluxo natural da vida que se assemelha à do ex-atleta que ao querer voltar a treinar para uma maratona, percebe que seus músculos se atrofiaram em decorrência da falta de um treinamento constante.
Hoje se sabe que o próprio cérebro humano pode ser exercitado e capacitado para uma vida mais plena. Os estudos sobre a neuroplasticidade demonstram claramente como os hábitos de nosso dia a dia influenciam o cérebro, tornando-o mais apto a enfrentar os desafios do cotidiano. Imaginem que uma pessoa vá a uma academia para fortalecer seu corpo, mas por preguiça pede a um amigo que faça os exercícios por ela. Parece óbvio que quem vai ficar mais forte é o amigo e não a pessoa, pois para os benefícios da atividade física surtirem efeitos cada pessoa deve participar da atividade. Ninguém pode se exercitar por nós. Algo semelhante ocorre nos campos emocional e mental. Não existe ainda uma forma de desenvolver habilidades mentais sem que para isto se desenvolva o hábito da leitura. Ainda não se sabe também sobre como desenvolver habilidades emocionais senão a partir de relacionamentos, exercício do perdão e no aprender as sutilezas que existem entre a vontade e o desejo.
Hipócrates, considerado um dos pais da medicina ocidental, já explicava em sua frase célebre que a saúde se fundamenta na forma como a pessoa se alimenta: “Seja o teu alimento o teu medicamento e seja o teu medicamento o teu alimento”. À semelhança da alimentação para o corpo físico, precisamos também de uma alimentação diferente para nosso “corpo emocional” e também de uma terceira para nosso “corpo mental”. Mesmo não vendo estes corpos quando nos olhamos no espelho, podemos percebê-los sem muito esforço e com um pouco de boa vontade. Importante saber que a pessoa que cuida da alimentação para o corpo físico mas não nutre seus outros corpos, também é um ser “desnutrido”.
Claro que a desnutrição protéica (física) é uma realidade e precisa de cuidados médicos, mas uma desnutrição ainda mais grave e que nos passa despercebida é a desnutrição psico-consciencial (“corpos” emocional e mental). O desnutrido mental e emocional é uma pessoa que pode causar muitos danos sociais. Devemos sempre lembrar no entanto, que este tipo comum de desnutrido no nosso meio não tem a mínima consciência do estrago que ele causa. São pessoas que como todos sempre estão tentando fazer seu melhor e dar o melhor de si. No entanto sua formação, cultura familiar e círculo de amizades bem como hábitos do grupo ao qual pertencem, o prepararam para o sucesso pessoal e não para o sucesso social. Desta forma a pessoa aparentemente bem sucedida, alcança este sucesso a partir do prejuízo alheio, sem se dar conta de que este prejuízo no médio e longo prazos se voltará contra ele próprio ou sua prole futuramente.
Do ponto de vista emocional existem muitos desnutridos que podem se beneficiar de uma alimentação balanceada simples composta de três itens. O primeiro e mais importante alimento para o corpo emocional da pessoa diz respeito aos relacionamentos. A nutrição saudável a partir dos relacionamentos não ocorre de forma semelhante àquela do corpo físico. Para este corpo ficar saudável ele não deve se nutrir como se os relacionamentos fossem para ele, mas como se ele fosse o alimento para todos os seus relacionamentos. Em cada interação a pessoa poderá se oferecer da forma mais adequada ao relacionamento, para que a pessoa com quem ele se relaciona possa se servir.
É disso que Leibniz falava quando dizia: “Quanto mais vivo, mais percebo que aquilo que enche as minhas mãos é o que eu dou com elas e não o que eu pego com elas”. Pode parecer estranho e alguém recear se oferecer desta forma nos relacionamentos, mas isto ocorre devido ao fato de alguns ainda se nutrirem dos outros sem oferecer nada em troca. No entanto a dinâmica do corpo emocional é bastante diferente daquela do corpo físico e não há o que temer, ainda que num primeiro momento algo pareça não ter corrido bem. Diferentemente do corpo físico as experiências neste corpo determinam mudanças no nosso campo de atração experiencial, de forma que lentamente nossos relacionamentos vão ficando mais saudáveis na medida em que ficamos mais desapegados de nós mesmos. Deste modo esta arte em se relacionar não está propriamente ligada à escolha dos relacionamentos, mas em escolher como queremos nos relacionar.
O segundo ponto importante na alimentação emocional diz respeito ao perdão. A pessoa que tem dificuldade em perdoar e pedir perdão pode desenvolver lentamente a desnutrição emocional.
Finalmente mas não menos importante é fundamental que a pessoa que busca o equilíbrio emocional consiga perceber a diferença sutil que existe entre seus desejos e suas vontades. As vontades são nosso maior patrimônio e emergem das profundezas da essência maior manifestando-se no mundo físico determinando diferentes vivências. É importante que o canal para esta manifestação não esteja obstruído para que o corpo emocional possa se manter vigoroso. Quanto aos desejos, eles não existem propriamente no interior da pessoa, mas nascem na interação com o mundo ao redor a partir dos relacionamentos. Quando alguém se compara ao outro e percebe não ter algo ou não ser algo que o outro tem ou é, pode passar então a desejar. Deste modo fique claro que o desejo pode se manifestar desde o campo físico (desejar uma roupa ou um carro) até o campo abstrato (desejar ser inteligente ou bonita como outra pessoa).
A vontade é expressão máxima do ser enquanto o desejo ocupa o outro extremo, onde o ser confunde-se com o ter. A vontade não pode ser destruída mas pode ser anestesiada quando se habita um mundo onde o campo de desejos é muito forte. Algumas falanges da mídia representam parte deste campo de desejos no mundo atual e disputam na tentativa de despertar o desejo por consumo de bens materiais, posição social, poder pessoal, exploração sexual e dinheiro que não por acaso andam em grupo. Vontade e desejo são importantes e complementares sendo fundamental que se busque o ponto de equilíbrio onde a vontade possa ser sempre máxima e o desejo seu tempero mas nunca seu senhor.De maneira geral, muitas pessoas só pensam em melhorar ou se preparar para enfrentar situações de desafio na vida, quando não há mais tempo hábil para tal. A conseqüência deste despreparo é ter que passar por situações de vida que apesar de simples, para aqueles que se prepararam adequadamente, se apresentam como verdadeiros dramas existenciais para os que negligenciam seu desenvolvimento pessoal. Neste sentido, as pessoas que adoecem devem ser encorajadas a perceberem as aflições, problemas e dificuldades como oportunidades que apenas estão tornando visíveis aspectos da vida pessoal antes invisíveis e não solucionados nos campos emocional e mental. Apego e medo são aliados da doença que devem ser trazidos à consciência e abandonados o quanto antes pelas pessoas que buscam uma vida saudável.
Tudo o que é bom não necessita de propaganda pois se auto-sustenta, somente coisas que não são boas precisam da ajuda da propaganda, residindo ai uma sutil armadilha. Não é necessário falar ou mostrar para as pessoas que fizemos algo bom, deixem que as obras falem por si mesmas. Prestemos atenção sempre que alguém queira dizer e mostrar: fiz isto ou aquilo, pois geralmente estão em posição de quem não fez nada mais que a sua obrigação.
A espiritualidade e a saúde são indissociáveis na medida que se percebe a profunda semelhança que os estados de saúde e santidade guardam. Basta observar que o ser saudável é dito são, à semelhança da designação dos santos (Ex: São Tomé, São Miguel). Desta forma é importante adquirir a consciência de que espiritualidade e saúde devem ser praticadas no dia a dia, nas pequenas atitudes dos relacionamentos, forma de alimentação, forma de pensar, enfim estando presente em todos os momentos com lucidez e percebendo em cada escolha uma responsabilidade assumida, fundamento da vida saudável. O corpo é um “templo” e cada um deve cuidar para que de dentro para fora seja criado o melhor campo receptivo possível para influências promotoras de harmonia e saúde. Do mesmo modo este “templo” quando bem trabalhado também servirá como um promotor e emissor de saúde onde quer que esteja.
Alimente seu corpo físico, mental e emocional e boa sorte!!!

Por: Regina Pocay – Psicopedagoga e Terapeuta Holística(Andragogia) e
Dr. Ricardo Leme – Neurocirurgião e Doutor em Ciências (Neuroregeneração)